Poiésis

quinta-feira, novembro 18, 2010

Resenha crítica de Mary and Max . Adam Elliot (Entrevista)

Olá, caros leitores! Tudo bem? Aceitam uma dica de uma jóia rara da sétima arte?! Então, sabe aquele filme que, quando terminamos de ver, dá uma tristeza por ter chegado ao fim e saudade logo depois? Saudades principalmente daqueles olhos de “poças de lama”? É assim que me senti.

Sugerido por um amigo, agradeço-o imensamente a indicação de tão preciosa pérola em forma de película: The amazing friendship – Mary and Max. Uns os consideram e chamam de “Uma amizade diferente”, eu prefiro levar a palavra inglesa ao pé da letra em sua tradução, e acho que combina perfeitamente para esses dois personagens como uma amizade maravilhosa ou surpreendente. Dois adjetivos que caracterizam de forma sem igual a amizade deles, como também reflete essa emocionante produção escrita e dirigida por Adam Elliot. Outra coisa, logo abaixo desse texto, deixei um link referente a uma entrevista concedida por Elliot sobre a produção e a história verídica do personagem Max.


Excelente filme a meu ver? Sim, claro! É interessante a forma e o modo profundamente sensível e real de como é abordado alguns dilemas do ser humano como a solidão, a amizade, a culpa, e por aí vai.
Baseado numa história verídica, o longa narra a vida de duas pessoas um tanto “diferente” perante a sociedade, cujo destino se incumbiu de fazerem se conhecer, ainda que por cartas longínquas.
Ele, Max, um judeu que possui síndrome de Asperger, 44 anos, morava em Nova York, pesava 160 quilos e participava dos “ Gordinhos anônimos”. Ele também possuía um sonho, morar na Lua só para não ter contato com as pessoas. Ela, Mary, mora na Autrália. Uma menina solitária, não possuía a atenção e o amor dos pais, gordinha e de oito anos de idade. Seu único amigo era um galo. Sua mãe, Vera , um tanto desestruturada emocionalmente, bebe e fuma em demasia. Se referia a Mary  como sendo “ um acidente”.




Meus Deus!!! Olha só essa personagem! Linda, não? Um charme, vocês não acham??!! Que figura! Vera Lorraine Dinkle foi simplesmente demais!!! Impossível conter o riso com suas caras e bocas maravilhosas. Excelente!

Através de uma linguagem simples, o longa chama a atenção para os relacionamentos humanos, a força e a beleza das amizades. E que estas não sejam tão superficiais e nem repletas de interesses e falsidades. É também a oportunidade de conviver com a diferença do outro e respeitá-lo, pois ninguém  é perfeito. Vejo a amizade como  uma construção permanente, algo recíproco, uma doação contínua ainda que diante de alguns “defeitos”. E quem não os tem?

“ A razão de eu te perdoar é que você é imperfeita. E eu também...”
( Uma das cartas escrita por Max para Mary)

Com relação às cores que envolvem a produção cinematográfica, algumas delas me chamaram atenção: Mary adorava a cor marrom, era a sua cor preferida e quase tudo que envolvia essa personagem era de tons marrons. Também porque os personagens do The Nobllets, seu programa favorito, possuíam muitos amigos e eram todos marrons.
Max, as cores que permeiam esse personagem era os tons pretos, cinza e o branco, refletindo o mundo que ele considerava caótico. Achei interessante ao perceber os tons, digamos , coloridos, que simbolizava amor e afeto para com Max; na verdade, um pouco de vida que Mary depositava em Max aos poucos: como o pompom de cor vermelha que ficava em cima do solidéu, além da imagem de cores alaranjadas de Mary desenhada por ela mesma e dado a ele de presente. Cores que entravam em contraste com o preto e branco sem fim de Max. São, creio eu, as únicas cores simbólicas que demonstravam que o mundo, para Max, parecia não se mais tão caótico assim.

Outra coisa interessante, a imagem que Mary projetou de si mesma para enviar ao amigo. No desenho- apesar dela ser uma menina um tanto melancólica e solitária- ela sorri e, acima da cabeça, ela desenhou um sol. Claro, apesar de tudo que ela vivia, tanto na escola como com os pais, naquele momento, ela encontrou um motivo suficiente que a fez expressar-se de tal forma.



Duas cenas mais significantes para mim? O sofrimento de Mary pelo amigo que ela acreditava ter perdido ( chorei muito nessa hora, cruz credo!! ) e o presente, a solução prática e rápida que Mary enviou para o seu amigo que não sabia chorar corretamente.

A beleza desses dois personagens se encontra, dentre outros, na ingenuidade e de não esconder ou manipular aquilo que se passa dentro deles, algo sem limites e sem medo de expor e se expor.

Mary: “Querido Max. Eu tenho oito anos. Seria ótimo se você pudesse ser meu amigo”

Max: “O Dr. Bernard Hazelhof disse que se eu estivesse em uma ilha deserta então eu teria que me acostumar com minha própria companhia – apenas eu e os cocos. Disse que eu teria que me aceitar, com meus defeitos e tudo mais, e que não posso escolher meus defeitos. Eles são parte de nós e temos que conviver com eles. Mas os amigos podemos escolher e estou feliz por ter escolhido você. [...] você é a minha melhor amiga. Minha única amiga.


Vale a pena conferir essa pérola. É um dos melhores filmes que já assisti. Enfim, é isso!
Um abração!



Deus nos dá familiares... Graças a Deus que podemos escolher nossos amigos.
( Mary and Max)


Trilha sonora de abertura:
A belíssima música , Perpetuum Móbile.
Composição de The Penguin Cafe Orchestra

Dados do Filme:
Direção: Adam Elliot
Roteiro: Adam Elliot
Origem: Austrália
Duração: 80 minutos
Tipo: Longa-metragem

Leia também: Entrevista com Adam Elliot