Poiésis

quinta-feira, maio 27, 2010

Releitura



O desejo passado, quando deixado de lado,
É como a folha seca que é levada pelo tempo-vento:
Voa longe, mas um dia acaba caindo no chão do agora.
É suspiro ausente que se tem no presente,
E questionamento que se faz no futuro.

. . . . . . . .

“Devia ter arriscado mais  
E até errado mais...
(...)Ter visto o sol se pôr...”

terça-feira, maio 25, 2010

Do lado de cá...



" Um dia a gente vai perceber,
Que não se prende pássaros
e nem corações...
E que estar junto,
não é estar ao lado...
Mas sim do lado de dentro ."
....................

domingo, maio 23, 2010

Pacto

Sonhe.
Mas depois, chegue bem pertinho
de seus pés e diga devagarzinho:

p-a-i-x-ã-o

sexta-feira, maio 21, 2010

Resenha crítica do filme A Voz do Coração

                                           


Resenha Crítica do filme “A voz do Coração”
(“Les Choristes” - França- 2004)



“A voz do coração”, filme de Christophe Barratier, reporta à França da década de 40 – mais precisamente em 1949, três anos após o término da 2ª Guerra Mundial-, fase em que muitas mulheres, no período do conflito bélico, sofreram abusos sexuais, violências físicas, psíquicas e muitos de seus maridos e filhos foram mortos nos combates. Resultado disso: muitas crianças nasceram fruto dos muitos estupros; outras foram abandonadas ou tiveram seus pais mortos; outras entregues ao internato, pois, diante da grande quantidade de homens mortos devido à guerra e a economia está em colapso, as mulheres tiveram que largar suas vidinhas domésticas e abrir mão da educação familiar de seus filhos; passaram a arregaçar as mangas nas fábricas caso não quisessem morrer de fome. Não faltou, nessa época, propagandas elegantes e cartazes convidativos incentivando o quão maravilhoso e honroso para o Estado era o trabalho feminino.

Diante disso, de todo esse contexto social, o filme narra a história dessas crianças órfãs, delinqüentes ou sem aparente futuro que vivem em uma instituição de ensino no qual, pode ser observado, não há uma preocupação com o ensinar, naquilo que envolve uma educação que capacite os alunos a refletirem os diversos assuntos de forma crítica, mudança de comportamento, assimilação de valores éticos e morais para se tornarem cidadãos de fato.

No colégio - se é que pode chamar aquela instituição de colégio, pois concernente a seus métodos repressores assemelha-se tranquilamente a um reformatório - observa-se, logo na entrada, os seguintes dizeres: “No fundo do poço”. Ou seja, teria realmente essa instituição um olhar social na intenção de compartilhar e trabalhar a aprendizagem e sua avaliação, respeitando os seres humanos que ali se encontram? É lógico que não! O que se observa em “A voz do coração”, antes da chegada do professor de música, Clémente Mathieu, é justamente o contrário, o que se verifica é uma educação repressora.

Se pensarmos numa suposta didática daquela instituição- e quando digo suposta é por perceber que não há nada que se assemelhe ao conteúdo e a teoria da qual a didática carrega em si , como, por exemplo, planejamento e estratégias adotadas pela equipe docente na intenção de estabelecer de forma significativa o ensino e a aprendizagem- verifica-se, portanto, que as experiências dos alunos naquele local é totalmente inversa, basta, para tanto, observar o lema pelo qual o diretor Rachin se baseia: “ação e reação” como método de correção. Tudo isso para que os internos possam aprender a se comportarem, caso contrário, seriam confinados em uma solitária. Método esse que tende a adestrar os alunos no objetivo de adquirir deles bom comportamento advindo do medo, da repressão e, tendo como resposta: crianças agressivas, com baixa estima por não encontrar naquele ambiente nenhuma afetividade ou algo que o incentive e estimule para o processo de socialização.

A chegada do professor de música, por sua vez, e através dele, o ensino adquire novo enfoque: tem-se agora um profissional que conduzirá os alunos a perceberem uma nova realidade bem diferente do que a instituição impunha, avaliará suas habilidades fazendo com que, dentro de um aspecto humanístico e de afeto ante aos alunos, promova a auto-estima em cada um, se sentindo úteis e, não, como sendo parte do mobiliário de uma sala de aula.

É muito comum hoje em dia, e basta observar dentro da sala de aula, certos alunos quietinhos no canto, não falam, não participam de certas atividades e muitos dos professores nem se quer procuram saber o porquê daquilo. Não se interessam, configurando numa espécie de abandono de forma indireta por meio desse profissinonal. No filme, tal aspecto também é abordado de forma crítica em relação ao aluno que , não possuindo uma voz adequada para o canto, mesmo assim, não foi posto de lado, mas aproveitado uma outra habilidade sua para que este não se sentisse abandonado, excluído das atividade. Apesar da situação e cena se mostrarem engraçadas, esse aluno, que não possuía habilidade alguma para o canto, acaba ajudando o professor servindo de “estante”, digamos assim, para segurar a partitura. De uma forma ou de outra, ele também estava atuando junto à turma.

Ser professor não é somente transmitir o conteúdo da disciplina, mas deve estar atento aos seus alunos, as suas pontencialidades e dificuldades, orientando-os a construírem o conhecimento necessário para uma vida social mais digna. É capacitar, ajudar a se tornarem sujeitos pensantes e não repetidores de uma gama de informações.

Diante disso, é importante que o profissional de educação perceba e desenvolva as habilidades que cada um de seus alunos possuem; isto deve ser trabalhado e desenvolvido no discente para que este não veja a escola como um lugar enfadonho e sem perspectiva.

O longa de Christophe Barratier, como foi analisado aqui, aborda a educação em seus vários aspectos, e, dentro deles, cito dois por serem expressivos: as atitudes autoritárias por parte do diretor da instituição que se estabelece na incoerência dos tratos com os alunos, falta de respeito ante ao ser humano e imposição pessoal para prevalecer o que ele acha que é certo; e o segundo aspecto envolve as atitudes humanísticas cujos elementos principais deve inserir afetividade, respeito e dedicação, contribuindo de forma significativa para melhorar a auto estima do aluno e, com isso, estimular a confiança em ultrapassar suas dificuldades de aprendizagem e superação de obstáculos que cada idade exige.

Portanto, eis um excelente filme que demonstra que, acima de tudo, o amor, a bondade, o respeito e, principalmente, a sensibilidade e a compreensão devem fazer parte de qualquer currículo e método de ensino no caminhar do profissional de educação.


Dados do Filme:

Título Original: Les Choristes
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 95 minutos
Ano de Lançamento (França): 2004
Direção: Christophe Barratier
Roteiro: Christophe Barratier e Philippe Lopes-Curval
Produção: Arthur Cohn, Nicolas Mauvernay e Jacques Perrin

Música: Bruno Coulais


Sinopse:

Um professor de música vai trabalhar numa rígida instituição de reeducação de jovens meninos. Com paciência, ele tenta melhorar suas vidas através da música. No entanto, ele terá que lutar para manter o coral dos meninos na ativa.


   
                         

Hola!!!!!!!
Vai uma dica artística importante??!!!
Para quem gosta de artes, não deixe de ver e apreciar a belíssima obra e uma pequena análise crítica sobre Salvador Dalí: "Criança geopolítica assistindo o nascimento de um novo homem". Vale a pena dar uma conferida.

Deixe comentários e críticas também!!
Aproveite esse espaço e sinta-se à vontade!!!
Um beijão!!!

domingo, maio 09, 2010

É um parto...

As contrações começaram a aparecer e estão cada vez mais fortes.
Sinto-me enorme e incomodada. Sou do abdômen ao útero um todo só.
Tem horas que elas sufocam por fazerem força, querem sair, e nada!
A respiração fica curtinha.
- Por quê?
- Porque estou grávida! Não ligeiramente. Mas totalmente grávida  das palavras que forçam uma saída de dentro de mim. Estou em pleno trabalho de parto; e como se faz dolorido, tem horas!


quarta-feira, maio 05, 2010

Temos Asas


Onde levo essas letras das muitas esperanças que escrevo, me jogo, me debruço sobre as muitas palavras faladas, escondidas ou silenciosas da alma.


Temos asas

Hoje me chamou a atenção, ao passar pelo jardim, algo que ouvi de certa mulher que ali estava, cuidando das flores com uma que parecia ser sua amiga.
-Você acredita que ontem, na igreja, levei um susto quando senti pousar em mim a esperança?
E pensei comigo: Susto? Susto por sentir a esperança tocá-la?!
E resistindo eu em sair, meio que paralisada pela conversa e ao mesmo tempo não querendo deixar aquele imenso jardim infantil com suas grandes flores que se desabrochavam em cada um dos pequeninos rostos, não tive outra opção senão seguir a razão do dia.
E de repente, andando pela rua, parei surpresa com a cena que vi, não pude conter uma grande decepção:
- Meu Deus! O que é isso? Como pode acontecer? Uma esperança, caída no chão frio de concreto como que morta! Como deixaram?
Passam por ela e não a enxergam.
E quando se dão em si e a contempla, são como que paredes.
Mas, pensando bem, estão como que mortas, desfalecidas, como que caídas dentro de seus abismos que as consomem.
Será que não lhes faz mais sentido?
Até que meio de repente fui acordada de meus pensamentos, uma criança passa e se admira:
-Olha mamãe, uma esperança!
Pude sentir em sua voz a alegria.
E com um grande puxão em seus braços a mãe disse andando apressada:
-Vamos menino! Não está vendo que está morta!
Então, com um giro rápido, ele tenta se soltar e, conseguindo, corre ao encontro da esperança, ele tem noção do que ela representa.
E entusiasmado, diz bem alto:
-Não mamãe! Não está morta! Está viva e se mexeu! Ela ainda tem asas, pode voar.
Então, vi pegar com suas pequeninas mãos, com todo o cuidado, apertando entre o peito e, sorrindo, disse que iria levá-la para casa.
Totalmente envolvida por aquela cena, me vi transportada de alma e coração à esperança. Não a efêmera que é pálida e vazia, que se encontra aprisionada em “cemitérios”, mas... a que tem asas.
E estando ali parada devaneei em muitas coisas.
Pensei na chuva que, quando cai, engravida a terra e o coração de esperança daquele que semeia
E... de repente, pensei naquele menino, e disse comigo:
- Levarei eu também a esperança para casa.
Afinal de contas...
Temos asas, podemos voar.



terça-feira, maio 04, 2010

Resenha Crítica do filme O Leitor

Resenha Crítica dentro de uma abordagem que envolve aspectos relativos à ética , à moral e à conduta da sociedade alemã ante aos campos de concentração nazista.

Filme: O Leitor
(The Reader. Alemanha, EUA, 2008)


O filme “O Leitor”, de Stephen   Daldry, se baseia no livro de Bernhard Schlink e remonta a Alemanha destruída moral, ética e politicamente após alguns anos da Segunda Guerra Mundial. O longa narra a história de um adolescente, Michel Berg, que se apaixona quase que obsessivamente por Hanna Schmitz, uma mulher vinte anos mais velha e que, misteriosamente, desaparece de repente de sua vida. Anos mais tarde, ele a reencontra em um tribunal, no banco dos réus, e descobre que ela, a mulher que ele tanto amara, participou de vários  crimes de guerras contra os  judeus nos campos de concentração,   em    Auschwitz.
“O Leitor” se faz intrigante e envolvente por ressaltar alguns aspectos que irão de encontro à ética, à moral e à vergonha diante de um processo que revisará os crimes cometidos no Terceiro Reich: o julgamento de alguns soldados nazistas parece levantar uma poeira já assentada com o tempo e que permeia toda a sociedade alemã diante das atrocidades cometidas no governo de Hitler.

Julgar? Julgar os soldados ou carrascos de uma geração cuja sociedade se serviu desses mesmos guardas e algozes, e que nada fizeram por acreditar no legado de um tirano? Condenar tais algozes não seria o mesmo que condenar também tios, pais que participaram de forma indireta em tal governo? Não seria também o mesmo que se condenar a mesma vergonha, uma vez sendo “filhos” dessa geração anterior?   Existiria,  realmente,  algum  código  moral  e   ético  capaz   de   resolver tais   questões?
Outro fato interessante, presente no drama, está relacionado ao amor e a piedade, e fica uma ou várias perguntas implícitas no filme: Até que ponto pode-se amar alguém quando se descobre que essa mesma pessoa participou de uma das grandes atrocidades já cometidas no mundo atual? E Hanna seria de fato culpada ou inocente por se filiar a SS, ainda que sem saber do que realmente se tratava ? Cabe a cada interlocutor tal reflexão.

São essas, dentre outras, as muitas perguntas que fazem do filme um grande sucesso, por ir de encontro às muitas feridas narcísicas que envolveram e ainda envolvem a sociedade alemã; uma geração que, hoje em dia, mesmo não tendo participado desse passado, ainda assim se encontra debaixo de uma sombra que perpassa o tempo e surpreende por saber que, infelizmente, a história dos campos de concentração não foi uma mera ficção.

Stephen Daldry aborda a temática dos campos nazista de um modo diferente de como é tratado em muitos documentários e revista, os quais, em sua maioria, costumam atribuir grande relevância aos atos criminosos. Nesse sentido, “O Leitor”, foge um pouco dessa perspectiva há muito tempo narrada, nos permitindo, com isso, avaliar e pensar de forma crítica sobre uma sociedade que também fora participante de tal barbárie ao atribuir poder, apoiar e contribuir de forma significativa com os muitos ditadores que abalaram o mundo e causaram tamanha ferida na História mundial.


Dados do Filme:

titulo original: (The Reader)
lançamento: 2008 (Alemanha) (EUA)
direção: Stephen Daldry
atores: Ralph Fiennes , David Kross , Jeanette Hain , Kate Winslet , 
duração: 124 min
gênero: Drama

Sinopse:

A sociedade acredita que é guiada pela moralidade mas isto não é verdade. O premiado diretor de As Horas, Stephen Daldry, mostra novamente toda sua força nesta história de medos e segredos escondidos pelo tempo. Hanna (Kate Winslet) foi uma mulher solitária durante grande parte da vida. Quando se envolve amorosamente com o adolescente Michael (Ralph Finnes)não imagina que um caso de verão irá marcar suas vidas para sempre. Livro com sucesso mundial de vendas, O Leitor é a uma história que nos levará a questionar todas as nossas mais profundas verdades.